IMPOSTOS SOBRE CONSUMOS NOCIVOS: ENTRE A SAÚDE PÚBLICA E O RISCO DE PROTECIONISMO DISFARÇADO

Antonio Lopo Martinez ;

Antonio Lopo Martinez

Universidade de São Paulo

Graduado em Direito pela Universidade Católica do Salvador, Economia pela Universidade Federal da Bahia e Ciências Contábeis pela Universidade Federal da Bahia. Mestre em Economia pela Universidade de São Paulo, Mestre em Direito Tributário pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e Mestre em Administração pela University of California, Berkeley. Doutor em Controladoria e Contabilidade pela Universidade de São Paulo e Doutor em Administração pela Fundação Getulio Vargas de São Paulo. Doutor em Direito pela Universidade de Salamanca, Espanha. Doutor em Direito pela Universidade de Coimbra. Professor Auxiliar Convidado na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra nas disciplinas Finanças Públicas e Direito Tributário Brasileiro.


Palavras-chave

Impostos sobre o pecado
Saúde pública
OMC
Protecionismo
Imposto Seletivo

Resumo

A taxação de produtos prejudiciais à saúde, denominados “impostos sobre o pecado”, é uma estratégia para desencorajar o consumo de itens como tabaco, álcool e alimentos insalubres. Originada na era de Adam Smith, essa prática tem recebido apoio de organizações de saúde globais, como a OMS, que reconhecem seu potencial em promover hábitos saudáveis. Entretanto, à medida que esses impostos evoluem, surgem preocupações econômicas e comerciais. A OMC, por exemplo, destaca os riscos de protecionismo encoberto, especialmente quando produtos importados sofrem taxações diferenciadas. O Brasil, ao propor o “Imposto Seletivo” que engloba preocupações de saú-de e ambientais, enfrenta esse delicado equilíbrio. Assim, torna-se essencial que a implementação desses tributos seja clara, embasada em ciência e alinhada com normas internacionais para prevenir acusações de protecionismo.


Referências

  1. ÅHMAN, J. Trade, health, and the burden of proof in WTO law. Alphen aan den Rijn: Kluwer Law International, 2012.
  2. ALEMANNO, A. Public perception of food safety risks under WTO law: a normative perspective. In: CALSTER, G. VAN; PRÉVOST, M. D. (ed.). Research handbook on environment, health and the WTO. Cheltenham: Edward Elgar, 2013. (Research hand-books on the WTO). ALEMANNO, A.; CARREÑO, I. “Fat taxes” in Europe – a legal and policy analysis under EU and WTO law. EFFL, n. 2, p. 17, 2013.
  3. ALEMANNO, A.; SASSI, F. Taxation and economic incentives on health-related com-modities: alcohol, tobacco and food. [s.l.]: HEC Paris, 25 fev. 2014. Disponível em: https://econpapers.repec.org/paper/ebgheccah/1038.htm. Acesso em: 2 jul. 2019.
  4. ALSUKAIT, R. et al. Sugary drink excise tax policy process and implementation: Case study from Saudi Arabia. Food Policy, v. 90, p. 101.789, jan. 2020.
  5. ANHOLETE, A. A possibilidade de utilização da fat tax como medida protecionista. Revista de Finanças Públicas, Tributação e Desenvolvimento, v. 6, n. 7, 19 dez. 2018.
  6. BENN MCGRADY. Health and international trade law. In: GIAN LUCA BURCI; BRI-GIT TOEBES (ed.). Research handbook on global health law. Cheltenham: Edward El-gar Publishing, 2018.
  7. BOGENSCHNEIDER, B. N. Sin tax as signpost in food labelling. European Food and Feed Law Review, v. 12, p. 14-21, [s.d.].
  8. BONADIO, E. Patents as a tool to encourage the production of healthier food. In: ALEMANNO, A.; BONADIO, E. (ed.). The new intellectual property of health. [s.l.]: Ed-ward Elgar Publishing, 2016. p. 305-332.
  9. BRAZIL – RETREADED TYRES. Relatório do Órgão de Recurso, Brazil – Measures Af-fecting Imports of Retreaded Tyres, WT/DS332/AB/R., 12 mar. 2007.
  10. BUTTON, C. The power to protect: trade, health and uncertainty in the WTO. Oxford: Hart, 2004.
  11. CATHAOIR, K.; HARTLEV, M.; OLSEN, C. B. Global health law and obesity: towards a complementary approach of public health and human rights law. In: BURCI, G. L.; TOEBES, B. (ed.). Research handbook on global health law. [s.l.]: Edward Elgar Pu-blishing, 2018. p. 427-459.
  12. CUNHA, L. P. Responsabilidade e mercado organismos geneticamente modifica-dos e comércio internacional. Boletim de Ciências Económicas, v. 53, p. 61-93, 2010.
  13. DADAYAN, L. States’ addiction to sins: sin tax fallacy. National Tax Journal, v. 70, n. 4, p. 723-754, 1 dez. 2019.
  14. DOUCETT, S. “Fat taxing” our way to a healthier world. Suffolk Transnational Law Review, v. 38, n. 2, p. 387-417, 2015.
  15. GARCÍA ANTÓN, R. Sin taxes and the new tobacco products: EU tax law and moral-ity? EC Tax Review, p. 125-135, 2019.
  16. LIU, F. Sin taxes: have governments gone too far in their efforts to monetize moral-ity? Boston College Law Review, v. 59, n. 2, p. 763, 28 fev. 2018.
  17. MARTINEZ, A. L. Tributação na OMC: acordos, jurisprudência e reformas. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2022.
  18. MCGRADY, B. Trade and public health: the WTO, tobacco, alcohol, and diet. Cam-bridge: Cambridge University Press, 2011.
  19. SASSI, F. et al. Taxation and economic incentives on health-related commodities: alcohol, tobacco and food. In: ALEMANNO, A.; GARDE, A. (ed.). Regulating lifestyle: Europe, alcohol, tobacco and unhealthy diets. Cambridge: Cambridge University Press, 2015. (Les Cahiers de Recherche).
  20. SCHEFER, K. N. Gains from Trade – how WTO could affect members’ efforts to fight obesity by encouraging physical activity. Asian Journal of WTO & International Health Law & Policy, v. 10, p. 79-113, 2015.
  21. SMITH, A. The wealth of nations. Blacksburg: Thrifty Books, 1776.
  22. VOON, T. Flexibilities in WTO law to support tobacco control regulation. American Journal of Law & Medicine, v. 39, n. 2-3, p. 199, 2013a.
  23. VOON, T. WTO law and risk factors for noncommunicable diseases: a complex relationship. In: CALSTER, G. VAN; PRÉVOST, M. D. (ed.). Research handbook on environment, health and the WTO. Cheltenham: Edward Elgar, 2013b. p. 390-408. (Re-search handbooks on the WTO).